quarta-feira, 8 de abril de 2009

DISTINTOS CONVERGENTES

Eu me arrisco no risco
Que é este fogo cruzado
Perpassado por entre nossos peitos;
Origem de tanta convulsão.

De convulsões a confusões
Figuram-se fisionomias caricatas
Demonstrando o peso desse peso
Que teimamos carregar sempre entre nós.

Que somos, então, feitos de pura carne
E artérias intermináveis escorrendo
do mais viscoso líquido cheio de O2
e de CO2. Fora os leucócitos, plaquetas...

Existem também por esses canos
Sensações que correm para escorrerem-se
Nos semblantes escarnecidos
Pelas discussões fortuitas desse misterioso torpor.

Palavras, silêncios, olhares, piscadelas;
Desvios, atos falhos... lapsos... Esquecimentos...
Esquecidos em rancores, esquecidos em desavenças
Dois seres divergem, diferenciam-se

e nesse laço descruzado
percorrendo caminhos únicos
achamos-nos amantes e amados
na estrada distinta convergente do Amor...

(Tiago Curralo)

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